Eu já postei aqui sobre uma nota de história natural que publicamos em 2021 graças à ciência cidadã, atividade em que cidadãos contribuem com a ciência por meio da coleta ou até da análise de dados. Iniciativas como o WikiAves e o iNaturalist são dois ótimos exemplos de ciência cidadã. Ano passado (2022), encontrei registros publicados no iNaturalist que mereceram uma apresentação à comunidade científica.
Contribuindo com a identificação de registros de répteis do estado de Minas Gerais no iNaturalist, me deparei com fotografias que permitiam a identificação clara de quatro espécies de lagartos em locais que ampliam a sua área de ocorrência conhecida. Isso quer dizer que, graças aos registros do iNaturalist, descobrimos que esses lagartos habitam uma área maior do que sabíamos. São eles: Ameivula cipoensis (um calango raro, endêmico da Serra do Espinhaço, para o qual apresentamos novas localidades de ocorrência); Enyalius capetinga (um lagarto do Cerrado, descrito em 2018, para o qual apresentamos o registro mais oriental de sua presença), Psilops paeminosus (um lagartinho de poucos centímetros, que ocorre de Pernambuco ao norte de Minas Gerais, onde apresentamos seu registro mais meridional) e Tupinambis quadrilineatus (uma espécie de teiú típica do Cerrado, para a qual apresentamos os registros mais meridional e oriental de sua presença).
Espécies de lagartos com registros em Minas Gerais divulgados no iNaturalist que ampliam nosso conhecimento sua área de ocorrência. Em sentido horário do topo à esquerda (ou de do topo à base, se estiver lendo pelo celular): Ameivula cipoensis (foto: Leandro Moraes), Enyalius capetinga (foto: Marcelo Ribeiro), Tupinambis quadrilineatus (foto: Adelton Nascimento) e Psilops paeminosus (foto: João Menezes).
Mapa com registros de ocorrência conhecidos para as quatro espécies de lagartos estudadas. Os pontos vermelhos são novos registros disponibilizados no iNaturalist.
Ciente da importância daqueles registros, entrei em contato com os fotógrafos via iNaturalist, pedindo autorização para reproduzir as imagens em uma revista científica (você pode selecionar no iNaturalist o tipo de licença de uso "creative commons" das fotos que publica na plataforma). Todos concordaram e eu convidei meu então aluno de mestrado, Henrique Oliveira, para redigir uma primeira versão do texto, que eu revisei. Depois, submetemos à revista científica Cuadernos de Herpetología, onde o trabalho foi publicado.
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AutorHenrique C. Costa Histórico
January 2024
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