No dia 10 de fevereiro de 2010, exatamente uma década atrás, eu, naquele momento um mestrando em Biologia Animal pela Universidade Federal de Viçosa, estreava como colunista do site da Ciência Hoje das Crianças, primeira revista de divulgação científica para o público infantil do Brasil. Acho que fui o primeiro colunista da CHC (até então, creio que apenas a Ciência Hoje "dos adultos" [CH] tinha colunistas fixos). Mensalmente, escrevi a coluna "O nome dos bichos", dedicada a explorar a origem e significado do nome científico, e por vezes, o nome popular de algum animal, algo que sempre atiçou a minha curiosidade. A coluna começou logo de cara com dois textos. O primeiro, "Muito prazer, meu nome é..." funcionava como uma "introdução" à nomenclatura zoológica, trazendo algumas regras básicas do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica. Foi tão bem recebido que algumas editoras, como a Moderna, Opet e Positivo, compraram o texto para poderem reproduzi-lo em seus livros didáticos (algo que se repetiu várias outras vezes com outros textos e editores, para minha alegria). O segundo texto, "Essa onça vai se chamar..." falava das origens e significados dos nomes da onça-parda ou suçuarana, Puma concolor para os cientistas. *Continua após a imagem* Layout original de "O nome dos bichos". Desde 2010 a página da CHC passou por pelo menso três reformulações. A última, em 2018, deixou os textos antigos com layout bagunçado e eliminou todos os antigos comentários. Desde a estreia, O nome dos bichos teve 88 textos publicados na página da CHC (http://chc.org.br/coluna_category/o-nome-dos-bichos/) -- na época, site e revista eram independentes. Escrevi sobre um pouco de tudo. De estrela-do-mar a pato-mergulhão, de bichos com "uai" no nome a aranhas com nomes de pratos culinários, passando por libélulas (ou donzelinhas, para alguns) nomeadas em homenagem aos membros da banda Queen, ou uma série de criaturas viventes e fósseis com nomes em referência a Star Wars. Sem falar nos mascotes das copas de futebol masculino de 2010 e 2014. Infelizmente, durante 2017 acabei falhando com a periodicidade da coluna. Pouco depois, o Instituto Ciência Hoje quase fechou as portas e suspendeu a CH e a CHC. Terminava aí um ciclo, e não pude ter o prazer de comemorar 100 textos de "O nome dos bichos". Mas, para a minha felicidade e para o bem da divulgação científica brasileira, a Ciência Hoje e Ciência Hoje das Crianças ressurgiram repaginadas em 2018. Agora, site e revista são uma coisa só -- o que acaba limitando o acesso a alguns textos apenas aos assinantes, contudo. E, no lugar da antiga coluna, agora escrevo "Mundo Animal", com uma temática mais ampla -- basicamente, qualquer coisa sobre bichos. Lá se vão 19 textos e contando... E como tudo começou? Como fui parar na CHC? Muitos conhecem a revista desde a infância e a liam em casa ou na escola. Eu, pra dizer a verdade, não conhecia a CHC até me tornar biólogo. Foi quando meu grande amigo, hoje professor da UFSCAR (na época mestrando em Biologia Animal na UFV), Vinícius de Avelar São Pedro me convidou para escrever um texto com ele para a CHC que tomei conhecimento da revista. Isso em 2007! Escrevemos um texto para a Galeria Bichos Ameaçados, uma das seções mais queridas pelas crianças na edição impressa da CHC, sobre fauna brasileira em risco de extinção. Nosso texto, sobre a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) saiu na edição 187 de Janeiro/Fevereiro de 2008. Até 2016, escrevi mais 13 textos para a edição impressa da CHC, em geral a convite da editoria, e mais um tanto para o site, sem relação com minha coluna (links para todos eles aqui: https://henriqueccosta.weebly.com/scicomm.html) Voltando a O nome dos bichos, a ideia para a coluna surgiu enquanto eu lia uma reportagem especial da Revista Veja sobre os 50 anos de Brasília. Em um pequeno quadro havia um textinho sobre o Juscelinomys candango, uma espécie de rato nativa do Cerrado, descoberta pelo Prof. Dr. João Moojen, do Museu Nacional. Em seu nome científico, a espécie, hoje considerada extinta, carrega uma homenagem ao então presidente do Brasil e aos candangos, como eram chamados os trabalhadores que ergueram a atual capital federal. Juscelinomys candango acabou sendo a estrela de um dos primeiros textos da coluna. Com a ideia de escrever sobre a etimologia dos nomes dos animais, mandei um e-mail às editoras da CHC, no final de 2009. A proposta foi bem aceita e, em 10 de fevereiro de 2010, fiz minha estreia. E deixo aqui meus agradecimentos às minhas editoras ao longo desse período: Mara Figueira, Catarina Chagas, Cathia Leiras e Bianca Encarnação, cada uma com sua visão, revisando e lapidando meus textos. Além, claro, da minha esposa, Maria Clara e dezenas de amigos sempre dispostos a me ajudar com fotos e revisão técnica de algum tema que tenho mais dificuldade. Obrigado! Uma década já se passou e meus primeiros leitores hoje são adultos. Muitos devem ter cursado ou estar cursando uma faculdade, alguns, quem sabe, de biologia. Antes da última reformulação da CHC, havia muitos comentários nos meus textos, que acabaram se perdendo. Para minha sorte, cheguei a guardar alguns, que compartilho abaixo. Lê-los me faz sentir bem e pensar que o esforço de dedicar, ao longo dos últimos 10 anos, algumas horas pesquisando e escrevendo sobre ciência para quem não é cientista, vale a pena. Vale muito a pena. Alguns comentários deixados por crianças leitoras de "O nome dos bichos" entre 2010 e 2017.
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AutorHenrique C. Costa Histórico
January 2024
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