Em outubro de 2021 eu passei alguns dias de férias em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, visitando meus queridos amigos de longa data, Diego Santana e Sarah Mângia. Mas eu não resisti e aproveitei também para conhecer o campus da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e examinar algumas anfisbênias da coleção zoológica (ZUFMS). Ou seja, acabei trabalhando um pouquinho.
Enquanto eu analisava o material da ZUFMS, encontrei um pequeno exemplar da espécie Amphisbaena anaemariae. Descrita em 1997 pelo zoólogo e sambista Paulo Vanzolini, esta espécie é típica do Cerrado, com registros do Tocantins ao Mato Grosso do Sul (havia um registro em São Paulo, corrigido poucos anos atrás por outros pesquisadores). Pois bem, o exemplar da ZUFMS era procedente bem da divisa entre MS e SP, na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão, município de Selvíria (MS). Trata-se do registro mais austral (ao sul) conhecido para esta espécie. E o que eu fiz? Chamei minha aluna de graduação Marcella Souza para me ajudar em uma revisão bibliográfica da distribuição geográfica de A. anaemariae. Escrevemos uma nota científica e publicamos na revista Reptiles & Amphibians uma atualização da distribuição geográfica de A. anaemariae.
O pequeno exemplar (com menos de 15 cm de comprimento) de Amphisbaena anaemariae, testemunho do registro mais austral de ocorrência da espécie.
Mapa de distribuição geográfica de Amphisbaena anaemariae. O Cerrado está representado em tom laranja/marrom. O ponto azul representa o local onde o exemplar usado para descrever a espécie em 1997 foi coletado. Pontos brancos representam outros registros citados na literatura científica, e o ponto vermelho é o novo registro, na divisa em MS e SP. Repare que este ponto está em uma área de transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica, em uma ecorregião conhecida como Floresta Atlântica do Alto Paraná.
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AutorHenrique C. Costa Histórico
January 2024
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